sábado, 24 de março de 2012

ERA DO GELO 4 SEM O BRASILEIRO CARLOS SALDANHA


Reprodução




RIO - Órfãos de Carlos Saldanha neste momento em que completam dez anos de cinema, o mamute Manfred, a preguiça Sid, o tigre-de-dentes-de-sabre Diego e o esquilo-rato Scrat estarão de volta às telas, sem o cineasta carioca, dispostos a fazer de A Era do Gelo 4 (Ice Age: Continental drift) a animação de maior bilheteria de 2012. Pelo menos no Brasil, a expectativa é de que ele possa no mínimo igualar os 9,3 milhões de ingressos vendidos pelo episódio anterior, em 2009. Agora dirigidos por Steve Martino e Mike Thurmeier, os personagens da franquia que fez de Saldanha o diretor brasileiro de maior sucesso de bilheteria no exterior regressam no dia 29 de junho aos cinemas nacionais, em luta contra uma horda de piratas. Nos EUA, sua estreia acontecerá só no dia 13 de julho.
Com distribuição da Fox, o projeto da Blue Sky Studios está em finalização, e seu visual ficou sob a supervisão do gaúcho Renato Falcão, realizador do premiado A festa de Margarette (2002) e diretor de fotografia de Rio (2011).
"Este filme tem um tom mais épico que os anteriores. Como a trama agora envolve piratas, a água será o elemento da natureza de maior destaque, pois o filme mostra a Terra se rompendo e os continentes se dividindo. E animar água é sempre um desafio para a modelagem visual, sobretudo porque não trabalhamos com referências reais. Só na parte da fotografia foram 20 meses de trabalho", diz Falcão, diretor de fotografia do quarto longa da série que, iniciada em 2002, faturou US$ 568 milhões apenas nos cinemas dos EUA.
Na linha de montagem da Blue Sky, Falcão integra uma equipe que contabiliza 28 profissionais dedicados a coordenar movimentos de câmera e 40 pessoas responsáveis pela luz de A Era do Gelo 4.
"Soa estranho falar em fotografia para desenho animado. Mas toda animação tem um set, um cenário, ainda que seja virtual, gerado por computação gráfica. E as filmagens desses cenários obedecem a critérios de marcação de luz que não diferem muito dos utilizados em locações reais. Só que a câmera aqui é um software, o Maya. Até movimentos de grua são simulados virtualmente. A diferença deste quarto filme é que usamos versões mais simples da câmera, pois há um conceito de animação mais clássico, próximo a desenhos como Looney Tunes", explica Falcão.
Depois do sucesso de Rio, que arrecadou US$ 143 milhões e rendeu uma indicação ao Oscar de melhor canção aos brasileiros Sergio Mendes, Carlinhos Brown e Mikael Mutti, Saldanha acompanhou de longe a evolução do universo virtual que criou há uma década, em parceria com o cineasta Chris Wedge. No novo longa, Sid, Manny, Diego e cia. embarcam numa jornada marítima, usando um iceberg como barco, e esbarram com o capitão Gutt (Peter Dinklage), uma espécie de gorila pré-histórico — dublado no original por Peter Dinklage, o anão Tyrion Lannister do seriado Game of thrones — cuja ambição não conhece limites. Surge ainda uma nova felina, a tigre-dentes-de-sabre Shira, com a voz de Jennifer Lopez.
"Depois de trabalhar nos três primeiros filmes achei que seria uma boa hora de ter sangue novo na franquia. E agora estou me preparando para meus próximos projetos",  diz Saldanha por e-mail, sem comentar boatos acerca de uma possível continuação de Rio.
Novos parâmetros de animação
Segundo Renato Falcão, a inclusão do vilão Gutt, com seus gestos físicos de macaco, trouxe novos parâmetros de movimentação para o filme.
"Cada diretor tem um estilo. E embora Steve Martino e Mike Thurmeier tenham sua marca pessoal de direção, o processo foi o mesmo dos filmes de Saldanha. A ideia é que o processo de animação, em todas as suas etapas, obedeça exigências da dramaturgia. Neste roteiro, que terá números musicais, Gutt não é apenas um sujeito mau. Existem nuanças em sua personalidade", explica Falcão, avaliando a herança deixada por Saldanha: "Carlos deu uma linha emotiva que norteia toda a série. E é em cima dessa linha que trabalhamos".

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