quinta-feira, 29 de março de 2012

Entrevista: Studio Seasons


Escrito por Mariana Cardoso-Mari-chan; Revisão e edição: Regina Araújo e Gabriel Tavares 



Studio Seasons ganhou vida em 1995, quando Montserrat Simone Beatriz se conheceram num curso daAbrademi e resolveram criar um local que trabalhasse com quadrinhos utilizando a estética do mangá, logo depois se juntaram com Sylvia Ferr, e levaram adiante a ideia.

Zucker levou dois meses para ganhar vida, com história de Montserrat e arte de Simone Beatriz, o mangá já está à venda. O mangá tem uma história extra, Le Bal Masqué, escrita por Montserrat e desenhada pelaSylvia Feer.

As meninas estão recebendo boas críticas e esperam passar mensagens construtivas com a história, além de entreter os leitores. Porque como elas mesmas dizem: “Somos contadoras de história”.

Nesta entrevista, elas contam um pouco sobre a história do mangá, seus projetos e o que esperam transmitir com o trabalho que fazem.

01. Como surgiu a ideia de montar o estúdio? E a ideia de trabalhar com mangás?

Em 1996, só um nicho bem restrito conhecia mangá e começavam a pipocar revistas informativas nas bancas, mas o grupo já sabia que aquilo se tornaria um mercado por causa da qualidade e diversidade do material. Optar pelo estilo foi uma questão de afinidade com as técnicas. Montserrat e Sylvia tiveram a ideia de montar um grupo, mas na época, havia poucas pessoas que desenhavam mangá e Montserrat tinha várias ideias para roteiros. Aí elas conheceram a Simone e a convidaram para trabalhar com elas. No início, havia outros integrantes, mas eram colaboradores que acabaram se afastando porque resolveram seguir outros rumos.


02. “Zucker” foi publicado anteriormente na revista Neo Tokyo. Como surgiu a oportunidade de virar encadernado?

Já havíamos publicado Ronins na Neo Tokyo e apenas apresentamos a proposta para o Júnior Fonseca; como ele já conhecia nosso trabalho, a aprovação foi automática. “Zucker” já foi projetado para virar encadernado, assim como “Mitsar”, que está sendo publicado atualmente na NT, também será encadernado junto com a série “Sete Dias em Alesh”, que Sylvia está desenhando.

03. Qual é a mensagem principal que vocês pensaram em transmitir quando fizeram o “Zucker”?

“Zucker” fala sobre fazer as coisas com amor; fala sobre realmente dar valor ao que se faz para que isso gere bons frutos. 

04. Existem mais duas histórias do Estúdio que vão virar encadernados, certo? Já tem previsão? E como foi criar as histórias? Vocês se inspiram em algo?

A parceria com a editora NewPOP prevê a publicação de todo nosso catálogo à medida que é produzido. Temos muitos outros roteiros prontos para produção. Montserrat cria as histórias baseadas nas mensagens que deseja passar ao público e também leva em conta a habilidade de cada desenhista cotada para o trabalho. Os próximos trabalhos que estão na lista são “Helena” (adaptação da obra de Machado de Assis), “Sete Dias em Alesh” e “Oiran”. “Helena” tem previsão para sair ano que vem e os outros sairão na sequência.



05. Como foi a decisão pela escolha desses títulos que “serão” lançados?

“Helena” é um título encomendado pela NewPOP. “Oiran” e “Alesh” são títulos já conhecidos dos leitores antigos, que só tiveram seus volumes iniciais publicados em 2002. O que estamos fazendo é produzir as séries até o fim e relançá-las para o público que as aguardam a um bom tempo e para os leitores novos também. Depois desses, virão outros materiais.

06. Quais os mangás preferidos de vocês? 

Simone Beatriz: “Orange Chocolate” da Nanpei Yamada, “Emma” e “Otoyomegatari” da Kaoru Mori, “RyuRon” do Motoka Murakami  e “MPD Psycho” de Eiji Otsuka e Shou Tajima. 

Montserrat: “Clover” e “XXXHolic” da Clamp, qualquer trabalho do Hange Murata, “Emma” e “Otoyomegatari” da Kaoru Mori, “Nausicaa” do Miyazaki e “Hikaru no Go” da Yumi Hotta e Takeshi Obatta.

Sylvia Feer: “Rurouni Kenshin” do Nobuhiro Watsuki, “Kakan no Madonna” da Chiho Saito, “Ranma ½” da Rumiko Takahashi, “Chrono Crusade” de Daisuke Moriyama, “Death Note”, com arte de Takeshi Obata   e “RG VEDA” da Clamp.

07. Qual a maior dificuldade desse mercado? O que vocês sugerem para melhorá-lo?

Profissionais capacitados e editores bem informados e preparados. O ideal seria que houvesse cursos sérios sobre produção de mangá, focando a parte técnica e criativa da produção. O que temos hoje é um grande mercado de escolas oportunistas, na maioria dos casos. Botam a palavra mangá e acham que está tudo resolvido. Aos editores, também cabe se informar e entender que tipo de universo é esse.

08. O que vocês esperam transmitir com o trabalho que fazem?

Coisas boas e construtivas, de preferência.  Fazer o leitor refletir é sempre um desafio e se você consegue fazer uma pessoa parar para pensar em algo depois de ler uma história, isso já é um grande passo.


09. Qual a maior dificuldade de ser desenhista? Já pensaram em desistir?

O tempo. No nosso caso, temos de dividi-lo com nossas profissões e nossa vida pessoal. Nunca pensamos em desistir. Se não publicássemos, colocaríamos material no site ou tentaríamos outras possibilidades de expor nosso trabalho. Sempre há um caminho.

10. Tem alguma dica para aos novos aspirantes à desenhista?

Paciência e disciplina. Tem que estudar muito e ser bem regrado para as coisas funcionarem. Tem de amar trabalhar com isso e realmente estar comprometido com uma meta. É importante estar ciente de que vai ter que abrir mão de muitas coisas, como festinhas e baladas se quiser fazer um trabalho bem feito e dentro de prazos. Qualidade exige tempo e estudo. Aqui é um mercado de produção em formação, portanto, os primeiros serão pioneiros e referência para os que vierem depois. Deve haver muita paciência e flexibilidade por parte do aspirante a desenhista.

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